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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CARALLUMA - MAIS UMA FEBRE DE VERÃO?

EQUILÍBRIO: Carallumania (Folha de S.Paulo)

Duas cápsulas de caralluma por dia não salvam o verão. O fitoterápico da vez, superpopular na internet, pode até ajudar na dieta, mas o efeito não chega nem perto das promessas aclamadas em dezenas de sites.

"A caralluma revelada". Os anúncios estão estampados em redes sociais, links patrocinados e pop-ups. Sem falar em sites falsos, com depoimentos idem. A febre é tanta que, nos últimos 12 meses, houve um aumento de 800% nas buscas do termo "dieta caralluma" no Google.

"Dieta milagrosa ou fraude?", questiona uma das páginas. Entre os resultados prometidos, fim da compulsão alimentar e 11 quilos a menos em um mês.

Até a cantora Ivete Sangalo teria se beneficiado com as propriedades milagrosas do produto. Segundo sua assessoria de imprensa, não passa de propaganda enganosa.

Há muitos mitos e poucas verdades por trás da Caralluma fimbriata, planta asiática parecida com um cacto.

Reza a lenda -e o principal trabalho feito sobre a planta- que ela era usada na Índia para diminuir a fome e ajudar populações a suportar períodos com pouca comida.

"Pesquisas dizem que glicosídeos (derivados de açúcar) da planta inibem o mecanismo sensorial da fome e "enganam" o cérebro", afirma Edson Credidio, nutrólogo e pesquisador da Unicamp.

Essa ação no sistema nervoso é bem menor do que a dos remédios sintetizados, mas ainda assim interessante, de acordo com o farmacêutico Luis Carlos Marques, doutor pela Unifesp.

"Ajuda a mudar o perfil de alimentação sem efeitos colaterais conhecidos."

No estudo mais famoso, feito por um grupo de pesquisadores da Índia e dos EUA e publicado na revista "Appetite", em 2007, 50 homens e mulheres entre 25 e 60 anos foram divididos em dois grupos: um tomou um grama de extrato de caralluma e o outro, medicamento placebo.

Todos receberam aconselhamento nutricional. Depois de 60 dias, foram feitos testes de peso e de apetite. Não houve diferença de perda de peso entre os grupos, mas quem tomou o extrato relatou mais sensação de saciedade e menos apetite.

"Os próprios autores concluem que as diferenças entre o grupo placebo e o grupo controle não são significativas. Não se pode falar em eficácia desse produto", questiona Cid Aimbiré de Moraes Santos, presidente da Sociedade Brasileira de Farmacognosia (parte das ciências farmacêuticas que estuda princípios ativos naturais).

Efeito placebo ou não, a enfermeira Cássia Valieri, 36, emagreceu 26 quilos em quatro meses com uma fórmula contendo caralluma.

Fechou a boca também, mas garante que não teria conseguido sem o fitoterápico. "Perdi a fome. Tinha que programar o celular para lembrar de comer."

ORIGEM DESCONHECIDA

Marília Pacheco dos Reis, 58, secretária, não teve a mesma sorte. Pagou US$ 61 por 30 cápsulas na internet.

Na embalagem, além do nome "Caralluma Actives", havia endereço de um site em inglês e um folheto explicativo: tomar uma cápsula 30 minutos antes das refeições.

"É como se eu estivesse bebendo água. Não senti diferença." E não se livrou de nenhum grama dos cinco quilos que quer perder.

O responsável pelo site da Caralluma Actives no Brasil é o empresário Thales Prado. A marca não tem registro na Anvisa e é anunciada na rede com fotos de celebridades que teriam usado a fórmula. Sobre isso, ele diz: "Os depoimentos podem até ser falsos, mas os resultados, não."

De acordo com Prado, os fabricantes estão nos Estados Unidos. "Como o produto já vem com as informações de uso, qualquer um pode tomar sem acompanhamento", ele diz.

Não há nenhum medicamento fitoterápico registrado na Anvisa com Caralluma fimbriata. A agência não tem informações sobre a planta.

A única forma autorizada é a manipulada, que só pode ser vendida por farmácias registradas na vigilância sanitária e com prescrição de um profissional habilitado.

"O grande problema da caralluma são as propagandas enganosas e os produtos de origem desconhecida, vendidos pela internet", diz a nutróloga Marcella Garcez Duarte, diretora da Abran (associação de nutrologia).

A matéria-prima do fitoterápico manipulado no Brasil é importada. A empresa Pharma Nostra é uma das importadoras e vende para cerca de 7.000 farmácias de manipulação. Segundo a empresa, o produto vem de "fornecedores credenciados e qualificados, de países que produzem o ativo vegetal".

NÃO É MILAGRE

De acordo com Roberto Boorhem, presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia, é difícil falar em emagrecimento só com caralluma. "Perder peso depende muito mais da qualidade do alimento que a pessoa ingere do que da quantidade."

A relações-públicas Érika Lovatte, 34, começou a tomar o fitoterápico há um mês, com prescrição. Perdeu dois quilos, mas também passou a comer mais salada, baniu o chocolate e trocou arroz branco por integral.

"Sem a dieta passada pela nutricionista, sei que não conseguiria."

Para a nutricionista Fernanda Pisciolaro, da Abeso (associação para estudo da obesidade), apesar de não haver efeitos colaterais conhecidos, é preciso cautela.

"Caralluma ou outro fitoterápico não deve ser prescrita para qualquer um. E o efeito pode ser tão sutil que o custo não vale a pena."

Jornalista: Juliana Vines

ANÁLISE: Ausência de padronização é o grande problema dos fitoterápicos (Folha de S.Paulo)

Jornalista: Hélio Schwartsman

"Não faz mal, não. É natural!". Embora o uso de fitoterápicos caia muitas vezes no guarda-chuva da chamada medicina alternativa, ervas contêm substâncias químicas que podem produzir efeitos dramáticos sobre o corpo.

Ao contrário das ultradiluições da homeopatia, que eliminam qualquer possibilidade de princípio ativo, a ingestão de vegetais pode até matar (e às vezes curar).

Venenos poderosos como a cicuta e o curare são apenas uma "plantinha". O mesmo vale para classes de alucinógenos e anestésicos.

O que difere um fitoterápico de um remédio comum é que só neste último sabemos mais ou menos o que estamos tomando e quanto.

O problema é a padronização. Uma planta contém centenas de compostos. Sabemos que a erva X é boa para a moléstia Y, mas não significa que tenhamos identificado a substância responsável pelo efeito. É possível que não seja um único composto.

Para agravar o quadro, as proporções entre os princípios ativos contidos em cada planta mudam conforme solo, clima, insolação, colheita, armazenagem e preparo.

A variabilidade nas quantidades de um dado princípio ativo entre diferentes lotes ou até cápsulas fica além do aceitável. Assim, pressupostos fundamentais da medicina, como fixar a dose terapêutica, tornam-se difíceis, para não dizer impossíveis.

O que de melhor se pode dizer dos fitoterápicos é que eles são um excelente ponto de partida para pesquisar e desenvolver remédios.

Fonte:

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Algumas considerações pertinentes:

- Ao comprar qualquer tipo de medicamento, alopático ou fitoterápico, tenha sempre certeza de adquirir um produto com identificação do fabricante, CNPJ, CRF do responsável e, de laboratórios conhecidos e confiáveis.

- Todo verão aparece um produto novo "milagroso" que sempre vários famosos usaram e perderam horrores de quilos! Estejam atentos...fonte...segurança... na maioria das vezes não passa de propaganda sem fundamento científico e que está muito mais baseado no fator econômico que em resultados efetivos para a saúde. Explorar o imaginário do ser humano, na sua auto-imagem e auto estima é muito fácil, ainda mais com essa voracidade de consumo da mídia atual!

- Não digo com isso que todos são infundados ou fraudulentos, mas sim, que muitos de má fé se aproveitam do momento, portanto, cabe a cada um usar o crivo da razão ao adquirir tais produtos.

- Só por ser um fitoterápico não quer dizer que não haverá efeitos colaterais e que,poderão até ser muitodesagradáveis e prejudiciais.

- Dúvidas? Entre em contato com a ANVISA

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