Só Templates

Créditos



Layout by



terça-feira, 9 de novembro de 2010

EMS NA BUSCA DA LIDERANÇA

Toda segunda-feira, os executivos da EMS chegam ao escritório em Hortolândia, a 115 quilômetros de São Paulo, em estado de especial ansiedade. É nesse dia que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) costuma divulgar a lista de medicamentos genéricos cujos registros foram aprovados - e que podem, a partir daí, ser vendidos no mercado nacional.

A farmacêutica tem, hoje, cinco drogas aguardando aprovação e espera pelo menos duas liberações até o fim do ano. Esses lançamentos são importantes para ajudar o laboratório a alcançar uma meta ambiciosa: fechar o último mês de 2010 como líder em genéricos no País, posição hoje ocupada pela Medley (no ranking geral, incluindo medicamentos com marca, a EMS já é a primeira). "Esperamos uma arrancada nas próximas semanas", diz Waldir Eschberger, vice-presidente de mercado da EMS. "A hora que a gente conseguir, não perde mais a posição de primeiro. Queremos que 2011 seja nosso primeiro ano na liderança em genéricos."

Em 2010, a EMS tem se mostrado como a mais combativa entre os fabricantes de genéricos. Desde janeiro, a empresa cresceu 37% - mais que sua própria previsão, de 30%. A fábrica trabalhou 24 horas por dia, assim como o corpo de cientistas, dividido em três turnos. E, na expressão máxima de sua agressividade, a empresa foi a primeira a colocar no mercado as cópias das duas principais drogas cujas patentes expiraram em 2010: o Viagra, para disfunção erétil, e o Lípitor, para controle do colesterol. Juntos, os genéricos desses medicamentos devem movimentar um mercado de quase US$ 300 milhões daqui a um ano, segundo a Pró Genéricos. E, na lógica desse mercado, chegar antes significa tornar-se líder.

Por trás dos resultados, está uma sofisticada máquina de lançamento de genéricos. Com 200 especialistas, a EMS tem o maior centro de desenvolvimento de medicamentos do País, que começa a desenhar a cópia de uma droga quatro anos antes do fim de sua patente. A área de marcas e patentes trabalha com antecedência semelhante. Os executivos da EMS acompanham, hoje, cerca de 200 processos judiciais que discutem o período de validade de patentes.

É comum que as farmacêuticas que criam as drogas peçam, na Justiça, a extensão de prazos. Como os casos podem tramitar durante anos, a EMS fica atenta para não perder a chance de sair no mercado antes dos concorrentes - e também para não gastar tempo com drogas que não poderão ser lançadas no curto prazo.

Um caso recente mostra a agressividade da EMS nesse processo. Em agosto, a farmacêutica envolveu-se em uma disputa jurídica para lançar sua cópia do Lípitor, medicamento da Pfizer que é o mais vendido do mundo. A primeira patente do produto foi depositada nos EUA em 1989. Como sua validade é de 20 anos, a proteção deveria expirar em 2009. A Pfizer conseguiu uma revalidação usando como argumento outra patente depositada mais tarde, estendendo o prazo para dezembro de 2010.

A EMS acabou convencendo o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região do Rio de que a segunda patente era apenas uma "continuação" da original, derrubando, assim, a restrição. Na mesma semana, o laboratório participou de sua primeira licitação para vender a droga ao governo de Minas Gerais.

Vinte dias depois que a EMS conseguiu a liminar, o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) venceu uma ação na Justiça que permitiu a fabricação de versões do Lípitor por qualquer laboratório no Brasil. Até agora, porém, apenas a Eurofarma, que tem uma parceria com a própria Pfizer, colocou seu produto no mercado.

COMPETIÇÃO PELA LIDERANÇA

As drogas recém-lançadas e as que ainda vão entrar no mercado serão a principal arma da EMS para tentar alcançar a última meta do ano - mas manter a liderança em genéricos não deve ser uma tarefa fácil. A distância entre ela e a Medley no segmento é de US$ 200 milhões no acumulado entre janeiro e setembro. É mais do que a terceira colocada da lista (Eurofarma) vendeu no mesmo período.

Como se não bastasse, a Medley tem intensificado a política de descontos pela qual ficou conhecida no mercado, segundo fontes do setor. "Oito dos dez genéricos mais vendidos no mercado são da Medley. A empresa pretende alavancar sua liderança por meio de um consistente plano de lançamentos e da expansão de sua capacidade produtiva", informou a farmacêutica, adquirida em 2009 pela gigante francesa Sanofi-Aventis.

Para qualquer lado que se olhe, há sinais de que a competição no mundo dos genéricos tem se intensificado. Até a americana Pfizer, que passou anos encarando os fabricantes de cópias como inimigos, fez sua primeira aquisição no setor no mês passado, no Brasil. Com 40% de participação na goiana Teuto, a estratégia da multinacional é "ser um dos grandes". "Não dá para ficar de fora do segmento que mais cresce", diz Gustavo Petito, diretor de planejamento de negócios da Pfizer no Brasil. "Queremos entrar com os genéricos de nossos próprios medicamentos antes dos concorrentes."

NOVOS NEGÓCIOS

A EMS teve origem em uma pequena farmácia criada pelo empresário Emiliano Sanchez em meados de 1950 e transformou-se em fabricante de medicamentos na década seguinte. Mas foi nos últimos dez anos que deu seu maior salto. Sob o comando de Carlos Sanchez, filho mais novo de Emiliano, a EMS foi o primeiro laboratório do País a apostar nos genéricos. Em 2001, a farmacêutica ocupava a 13ª posição entre os principais do setor. Em 2006, a empresa alcançou a liderança - posição que mantém ainda hoje. Mesmo com esse feito, Carlos Sanchez não considera sua missão cumprida.

Há dois anos, o empresário decidiu ampliar sua presença no mercado de medicamentos ao transformar duas unidades da EMS em laboratórios separados e concorrentes. Segundo dados oficiais, a Germed Pharma, fabricante de genéricos e similares de Sanchez, tornou-se a terceira maior empresa de genéricos no mês de setembro, ultrapassando a Eurofarma. "Em 2015, estaremos em segundo lugar em genéricos. A tendência é que a Medley e a EMS percam participação", diz José Cosme dos Santos, presidente da Germed.

Ao contrário da EMS, a Germed não entra na briga pelas grandes farmácias: fica no pequeno e médio varejo e vende similares em áreas a que a empresa-mãe dedica menos atenção. A Legrand, outra empresa do Grupo EMS, também se esforça para conquistar as pequenas farmácias na venda de genéricos mais baratos que os da EMS. Outro braço é a oferta de medicamentos isentos de prescrição. Em vez de investir em publicidade, como faz a EMS, a Legrand investe no trabalho em pontos de venda para conseguir uma boa exposição nas prateleiras.

Existem diferenças na estratégia de cada laboratório, mas o fato é que todos, em última análise, competem no mesmo mercado. Qual a lógica, então, desse modelo? "Isso é comum no mundo dos genéricos. Como toda cópia é igual, a grande batalha é para estar presente no ponto de venda. E cada farmácia prefere um laboratório por motivos diferentes. Então a ideia é: já que é para perder vendas, que seja para mim mesmo", diz Odnir Finotti, presidente da Pró Genéricos.

SINERGIA ENTRE LABORATÓRIOS

Apesar de terem gestão separada, EMS, Germed e Legrand usam as mesmas fábricas e também a mesma equipe de pesquisa e desenvolvimento. Em um modelo de prestação de serviço, as novas farmacêuticas pagam pelo uso das máquinas e pelo trabalho dos cientistas da EMS, que, por sua vez, otimiza seus investimentos.

Tome-se como exemplo o caso do princípio ativo do Viagra, o citrato de sildenafila. Segundo a Anvisa, o Grupo EMS tem, ao todo, oito registros para o mesmo produto, entre genéricos e similares. "O desenvolvimento de um genérico é caro e arriscado. Segundo uma média mundial, gasta-se de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões para chegar a uma cópia. Para diluir esse custo, é preciso alcançar o máximo possível do mercado brasileiro", diz Reinhard Nordmann, presidente da Legrand.

Em setembro, a família Sanchez investiu em mais um laboratório. Marcus e Leonardo Sanchez, sobrinhos de Carlos, adquiriram a Mepha Ratiopharm do Brasil. Com a consultoria de Carlos, futuramente a Mepha também deve fazer acordos com a área de desenvolvimento de medicamentos da EMS.

SETOR IMOBILIÁRIO

No ano passado, Carlos Sanchez decidiu entrar no ramo imobiliário. Sua incorporadora, a ACS, lançou o primeiro empreendimento em março e deve lançar outros sete até dezembro, totalizando um valor geral de vendas de R$ 340 milhões.

O banco BTG Pactual é sócio em um dos prédios. "O acionista (Carlos) quis diversificar os investimentos. E o setor imobiliário está em um ótimo momento", diz Silvio Chaimovitz, presidente da ACS.

Tudo indica que a diversificação de Sanchez não dever terminar por aqui. A EMS participou até da licitação para explorar dois trechos do Rodoanel, em São Paulo, mas acabou não saindo vencedora.

Fonte: O Estado de S. Paulo
http://www.febrafar.com.br/index.php?cat_id=5

Nenhum comentário:

Postar um comentário