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terça-feira, 17 de maio de 2011

MEDLEY FECHA MARÇO COMO LÍDER E DISPUTA FICA ACIRRADA

A acirrada disputa entre as indústrias farmacêuticas atingiu o auge em março, quando o laboratório Medley assumiu a liderança no ranking pela primeira vez desde que a rival EMS Pharma - do grupo EMS - se consolidou como a número 1 do setor, em 2007.
Dados divulgados pela consultoria americana IMS Health mostram que, em março, a Medley superou em vendas de unidades sua principal concorrente. Números obtidos pelo Valor com fontes do setor mostram ainda que a Medley encerrou março com participação de 7,4% do mercado e receita de R$ 262,2 milhões, contra 7,1% da EMS Pharma, que faturou R$ 250,6 milhões no mesmo mês.
Os Valores do IMS são "cheios", ou seja, consideram a venda dos medicamentos sem os descontos praticados pelas indústrias no balcão das farmácias, que podem chegar a 75% dependendo do medicamento.

A briga esquentou de tal maneira que a EMS Pharma reagiu rápido e retomou a liderança em abril, segundo aponta o levantamento da consultoria americana. "A partir de março, a competição passou a ser realmente cabeça a cabeça", afirma uma fonte do mercado consultada pela reportagem.

A ameaça da Medley é real e, com a velocidade de expansão que vem apresentando, o mercado já esperava a superação.

Enquanto o faturamento da EMS Pharma cresce a uma taxa que varia entre 25% e 35%, a Medley avança mais de 40%. "Alcançar a liderança total do mercado no mês de março foi a coroação de um trabalho contínuo de muitos anos", afirmou ao Valor o diretor-geral da Medley, Décio Decaro, em sua primeira entrevista à imprensa desde que assumiu o comando da empresa em junho do ano passado.

A EMS Pharma atribui a vantagem da concorrente à uma "esporádica" ação de marketing. "O ranking é uma fotografia do momento", diz Waldir Eschberger Junior, vice-presidente da EMS. "Garanto que terminaremos o ano na liderança", diz.

Entre janeiro e março, a EMS Pharma se manteve no topo, com faturamento de R$ 683,8 milhões. A Medley seguiu logo atrás, com vendas de R$ 652,9 milhões. Os valores também são "cheios".

"Imaginávamos que a Medley superaria a EMS Pharma. Mas foi uma surpresa ter acontecido já, agora", diz Bruno Sávio Nogueira, analista da consultoria Lafis e especialista no setor farmacêutico. Para ele, um dos principais fatores de sustentação da arrancada da Medley foi o novo fôlego injetado pelo grupo francês Sanofi-Aventis, que adquiriu a empresa em 2009.

A multinacional tem forte atuação no Brasil e é aqui que se concentra sua segunda maior operação depois da França. "Além dos aportes financeiros da multinacional na subsidiária brasileira, o alto conhecimento dos processos de gestão melhoraram as condições de negociação da empresa e sua estrutura de custos", diz Nogueira.

Segundo Decaro, apesar da EMS Pharma ter conquistado a liderança no mercado de medicamentos, a Medley vem se mantendo no topo do mercado de genéricos desde 2002. Hoje, esse é um fator que colabora para aumentar sua força no mercado total, já que o segmento é o que mais cresce no país.

Outro fator para o ganho de competitividade da companhia foi a diversificação de seus produtos nos últimos dois anos. "O amplo portfólio faz com que a empresa tenha maior poder de barganha nas farmácias", explica Nogueira.

A força de reação da EMS Pharma, controlada pelo empresário Carlos Eduardo Sanchez, porém, não pode ser menosprezada. A empresa continua surpreendendo pelas suas taxas de crescimento e, principalmente, sua capacidade de lançamentos de produtos.

Na área de genéricos, o laboratório é reconhecido por liderar a introdução de novos medicamentos após a quebra de patente das fórmulas de referência. A EMS Pharma foi a primeira a lançar a versão genérica do Viagra (para tratamento de disfunção erétil) e do Lipitor (combate o colesterol elevado), ambos da multinacional americana Pfizer.

Essa agressividade, porém, pode ser um problema para a companhia. Fontes do mercado afirmam que a capacidade de produção da EMS Pharma não tem acompanhado a demanda por seus produtos. "Em geral, as empresas de genéricos sofrem alguma falta de produto uma vez ou outra. No caso da EMS, há sinais de que já há perda de competitividade", diz a fonte.

Segundo a mesma fonte, o desequilíbrio entre oferta e demanda na EMS Pharma ocorre desde o fim de 2010. "O problema disso é que, na falta de medicamentos da EMS Pharma, o consumidor pode optar por outra marca". O grupo vai investir R$ 360 milhões em três novas fábricas: Manaus (AM), Brasília (DF) e Jaguariúna (SP). Elas devem ficar prontas até 2012.

A Medley também teria um ponto vulnerável. Para um observador, a estratégia da empresa é ganhar mercado "sacrificando" margens. "Há espaço no Brasil para isso porque a rentabilidade é maior em relação à Europa, por exemplo. Em algum momento, a Medley poderá pisar no freio no ganho de participação para recuperar rentabilidade", completa.

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