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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

AS GRANDES CRESCEM MAIS...

Grandes empresas ganham mais espaço com o aumento do rigor fiscal do governo


Fonte: DCI

Wilian Miron

Grandes redes ampliam fatia entre drogarias


Pela primeira vez o setor de drogarias sente um aumento da distância de crescimento que há entre as grandes redes e as unidades menores


Com crescimento de 25% no ano passado, as grandes redes do varejo farmacêutico comemoram o distanciamento de 15% sobre as empresas de médio e pequeno porte que atuam no segmento, que no mesmo período cresceram 10%. O avanço das gigantes sobre a concorrência pode ser atribuído também à nova política fiscal do governo, intensificado no último ano. "Sete mil empresas têm 50% do mercado e apresentam crescimento superior às outras 53 mil, de quem estão tomando o lugar", afirma Sérgio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que representa as 28 maiores empresas do setor. Para Barreto, o aumento da distância entre as grandes e as menores do setor de drogarias acontece por três fatores: maior poder de barganha dos grandes varejistas, sortimento maior de produtos e substituição tributária, que faz o varejista comprar as mercadorias já com o valor do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) descontado. Para Júlio Mottin Neto, vice-superintendente da rede Panvel, considerada a maior de drogarias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o aumento da atuação do fisco ajudou as empresas do setor que já tinham como prática o recolhimento dos impostos, pois tira de micro e pequenos empresários a competitividade de preço. "A competição se concentra em serviços: quem oferecer o melhor serviço vai ficar com o consumidor. Já conseguimos perceber no dia a dia", afirma o executivo.

Mottin conta que pretende abrir 25 novos pontos-de-venda ao longo deste ano,e acredita que a empresa vai crescer 17% com a maturação das vendas nas lojas abertas nos últimos dois anos. "Ano passado já vimos isso,e neste ano acho que vamos crescer no mesmo ritmo", comentou ele. Ronaldo de Carvalho, presidente do conselho de administração da Drogaria São Paulo, rede com 250 lojas --cuja 90% das operações estão no Estado de São Paulo--,vê como positivo o aperto do governo nas empresas que estavam na informalidade, mas credita o crescimento das redes à profissionalização delas nos últimos anos. "Essas empresas estão trabalhando muito melhor.

Ganhamos também em eficiência." Segundo disse o executivo ao
DCI, está nos planos da companhia abrir 25 lojas em 2010 para fortalecer a operação da Drogaria São Paulo nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. "É onde está o nosso negócio", comentou.

Outro que vê o mercado de farmácias melhor para as grandes redes neste ano é Nelson de Paula, executivo do Drogão que acredita haver benefício também para o consumidor no cumprimento "unânime" da legislação. "A coisa anda mais tranquila", diz. "A questão é quem trabalha direito e quem não trabalha, mas acho que [a fiscalização] favorece." Para a professora Paula Spinelli, do Programa de Administração do Varejo (Provar), o crescimento das redes sobre as farmácias convencionais é fruto da profissionalização do setor, que encontrou no modelo de loja com mix variado --venda de itens de higiene e alimentícios-- uma forma rentável para o modelo de negócios. "Elas sabem entender o cliente."

Paula acredita, porém, que a solução para as redes menores é o sistema de cooperativa, para conseguir comprarem escala e assim disputar mercado com as drogarias maiores. "Elas precisam seguir o mesmo caminho de profissionalização para sobreviver." Na gigante do nordeste Pague Menos, a idéia é transformar os pontos-de-venda em lojas semelhantes às de conveniência para atrair o cliente, conta Deusmar Queirós, presidente da empresa. "Não quero viver da doença dos outros. Acho que as farmácias precisam vender saúde", diz. "Nós torcemos para o cliente não precisar de remédio."

Norma
Amparadas por decisões judiciais provisórias, as drogarias vão continuar com a venda de itens alimentícios e manter ao alcance das mãos dos clientes os remédios que não precisam de receita médica para ser comprados até a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Os instrumentos obtidos pelas representantes do segmento impedem que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) multe os estabelecimentos que não cumprirem as Instruções Normativas n. 9 e n. 10 e a Resolução da Diretoria Colegiada RDC n. 44 da Anvisa—medida sem vigor há seis meses cujo prazo de ajustamento finda em 18 de fevereiro. Com a liminar, as redes não precisarão abrir mão das vendas de produtos alimentícios, que completam o caixa e correspondem a 50% do faturamento.

O modelo de farmácia que oferece produtos de conveniência, higiene e alimentos é consagrado em países da Europa e dos Estados Unidos.

Para o presidente da Abrafarma, mesmo que aRDC44 e as Instruções Normativas fossem consideradas legais, existem no Brasil 18 leis que autorizam a venda de itens de conveniência e assemelhados.

"Eles não têm competência para baixar tais determinações. A Anvisa é uma autarquia federal, não tem poder de legislar", ressaltou.

Segundo Nelson de Paula, executivo do Drogão, a rede está preparada para as duas hipóteses --a norma da Anvisa cair, ou não cair--, mas acredita que a questão não terá sucesso porque a disputa das drogarias com a autarquia é respaldada por setores da sociedade.

"Quando o mundo inteiro está contra é porque a coisa está errada."De Paula acrescenta: "Fizemos pesquisas [instituições do setor] e vimos que a população não quer essa norma". Deusmar Queirós acredita que não há problema em vender sorvetes e refrigerantes na farmácia e ficou indignado quando perguntado sobre colocar todos os itens atrás do balcão. "Há30 anos esses produtos ficam expostos.

Por que agora querem guardar?", questiona. "Há coisas que são incompreensíveis", completa. A Anvisa informou que vai cumprir a determinação da justiça e não vai multar as empresas que têm liminar favorável. As regras, porém, valerão para as drogarias que não tiverem amparo legal. A autarquia não vê possibilidade de revogar as normas e disse que vai aguardar a decisão do STF sobre o caso. Sérgio Mena Barreto.

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